#12

Hoje, minha mãe pediu para que eu regasse as plantas dela com a mangueira. Minha mãe tem muitas plantas. Essas é um atividade que todo mundo foge na minha casa porque requer: fechar todas as janelas, desenrolar a mangueira, trazer a mangueira pro corredor das plantas e molhar todas cautelosamente, porque se algo acontecer com qualquer uma delas, o clima não vai ficar bom aqui em casa… Não é um trabalho que vale preguiça, mas requer responsabilidade. Mas aqui, como todo mundo é preguiçoso, ninguém quer matar a preguiça e nem encarar a responsabilidade. Mas minha mãe me pede mesmo assim.

Só que hoje o dia está bonito. Quente. Parece aqueles dias bonitos de novela, aquelas cenas de vistas bonitas que passam nas transições de cenas… não sei o que acontece, mas, todas as vezes que estou em São Paulo, os dias são nublados… acho que, como eu não deveria estar aqui nessa época do ano, a cidade não percebeu minha presença e resolveu ficar feliz mesmo com o caos que estamos vivendo (brincadeira, não me dou tanta importância assim, né… :p ).

Eu estava usando vestido e amo usar vestido porque me sinto livre. Olhei pro céu, e joguei a água pra cima para que assim, talvez, as plantinhas achassem que estão sendo regadas pela chuva e não pela mangueira laranja dos meus pais. Tão mais legal a chuva, né. Mas, nessa atividade, acabei percebendo que, eu também gosto de sentir a chuva… Não percebi, mas lembrei. E me molhei junto com elas.

A última vez que tomei um banho de chuva, foi sem querer. Eu fiquei bem brava porque me molhei inteira, e não percebi o quanto tinha sido bom. Revigorante… Não aproveitei. Mas aqui, olhei para as plantinhas da minha mãe, e decidi me regar com elas, pra ver a sensação.

Eu tive vontade de rir sozinha. Ver o verdinho das plantas e o azul do céu junto com a água caindo fresquinha, mesmo que da mangueira laranja e não do céu, foi tão bom.

O cheiro da água na terra, o clima, as plantas me trouxeram flashes de momentos felizes.

Me lembrei de uma vez, no parque do Carmo com meus pais… Uma pipa azul. Uma criança descendo o morro de motoca. Meu pai olhando pro céu. Um dia bonito como hoje.

Banho de balde com o Jhonas. Suco de abacaxi… Blusa compartilhada da liga da justiça. Sopa de plantinhas do quintal.

O cenário do jogo do Tarzan no PlayStation 2. A cachoeira em que ele precisava pular pra passar de fase. A vontade que eu tinha de estar lá… E o cenário do the sims náufrago. Eu amava me imaginar. A sensação é de que já estive nesses lugares.

A ansiedade de chegar no 48 no dia da família. O Jhoninhas, sempre. O ônibus atrasado… As comidas que minha mãe fazia um dia antes. A piscina, o futebol de sabão. Outra história… a torcida para que não chovesse (irônico).

A visita na casa da tia Rute, acho que eu tinha uns oito anos. Morangos em um potinho bem fresquinhos. Eu lembro que comi, mas nunca gostei muito de morangos puros. Mas eu os acho bonitos. Um pano na grama. Todos bons amigos… Um ventinho bom, a minha irmã comigo.

E por fim, o James e eu no Horto em 2018. Muitas risadas encostados em uma pedra. Ele sempre fica entusiasmo na natureza e me ensina a ama-la ainda mais… O dia tava quente. Ele de regata, amo essa nossa época… A gente não falava nada com nada, estávamos virando melhores amigos. Lembro dessa fase com amor. Tudo tão livre…

Eu olhei pra mim mesma em um banho de mangueira de 20 minutos. Sempre tenho flashes de memória, mas esses foram tão lindos, refletidos no azul e no verde simples do meu quintal. Não é a toa que essas são minhas cores favoritas.

Fiquei tão feliz com a chuva que eu mesma fiz. Valeu a pena, e espero que as plantinhas tenham gostado também.

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